quarta-feira, dezembro 15

Do conceito à experiência efetiva - o trajeto da IN formação

Do conceito a experiencia efetiva. Desde a mais básica informação até uma tão importante tomada de consciencia, exercícios foram propostos um após o outro, levando-nos a uma reflexão acerca do que é REALIDADE comparada a uma mera representação VIRTUAL.

No começo era tudo novidade, as possibilidades de simular as três dimensões enriquecidas por efeitos de luz e sombra, texturas, perspectivas, dentre outros recursos oferecidos pelo Sketchup, demonstraram para nós o conceito de modelagem, como uma abstração da realidade cujo comportamento desejamos estudar, reduzindo esta a um modelo virtual com características suficientemente semelhantes.

Em seguida, foi especialmente trabalhado o conceito de "peso" nas modelagens virtuais, a partir de um exercício que propunha a criação de dois objetos que representassem a impressão de leve e pesado, utilizando para isso recursos como cor, tamanho, textura, opacidade, e disposição no espaço. Nesse exercício foi interessante perceber que um objeto aparentemente leve pode receber uma configuração diferente, ou só ser observado a partir de outro ângulo e se tornar extremamente pesado, acontecendo o mesmo com um pesado, nos mostrando pela primeira vez a diferença existente entre a concepção de uma ideia e sua efetivação como obra, isto é, para que se tenha verdadeiro domínio sobre o projeto, é necessário que exista uma preocupação constante com a intenção que se deseja transmitir ao observador.




A partir desses objetos, foi solicitado que escolhêssemos um e desenvolvêssemos a partir dele uma relação de três escalas, dessa vez para apreendermos as diversas possibilidades de uso de um sólido em tamanhos diferentes, como no caso de um cubo, que pode ser um assento, uma mesa, ou uma habitação, dependendo da escala em que for projetado.





O próximo passo foi a escolha de um desses três objetos em escala para ser transformado no objeto de um colega, em um exercício denominado "hibridização", interessante no sentido de ter nos dado a possibilidade de fugir um pouco de nosso próprio trabalho, e explorar novos espaços e relações entre formas diferentes e a maneira como elas se adaptam umas às outras nas chamadas "quimeras", que não são nem um objeto, nem o outro, são algo a parte, algo novo.



Reunindo cerca de 10 quimeras, tínhamos uma espécie de museu de esculturas em pontencial, e foi justamente essa a proposta do próximo exercício. Usando conceitos de deriva dos situacionistas, em que o homem tem a possibilidade de interagir com o meio que o cerca adaptando-o de acordo com sua vontade e necessidade, fomos incumbidos à tarefa de propor um "parque" para dispor as quimeras, possuindo um sentido de orientação definido, sem ser, no entanto, limitado, apenas ensinuado, usando nesse processo um de vários diagramas propostos em sala, tais como texto, transparencia, rítmo, etc, que desse o sentido de integração dos objetos ao espaço projetado, utilizando sempre o recurso de visitação oferecido pelo Sketchup, de maneira que fosse possível simular e experienciar a própria obra, prática essencial no fazer arquitetônico.





Enfim, fomos desafiados a transformar o virtual em realidade, construindo uma maquete física baseada no "parque" de um colega. Sendo a concepção do modelo virtual baseada em um estudo das diversas possibilidades de manipulação da forma no espaço, a execução da maquete física, ao contrário vem mostrar as limitações do próprio espaço na manipulação da forma, como o efeito da gravidade sobre os objetos, levando a uma tomada de consciência mais profunda acerca do fazer arquitetônico como manipulação do espaço no tempo.

Para isso, e levando em conta tal reflexão, na feitura da maquete são tomadas decisões estruturais no intuito de atender à proposta e ao mesmo tempo propor novas soluções que adaptem o ambiente criado na modelagem à realidade em que vivemos, sujeita às leis da gravidade e à subjetividade interpretativa de cada observador, que ao participar, apreender, adaptar e interferir naquilo que o cerca, efetiva o fazer arquitetônico em um de seus sentidos mais profundos, na tríade vitruviana, “firmitas, utilitas e venustas” , firmeza estrutural, funcionalidade e harmonia estética.